quinta-feira, fevereiro 23

Agora pára. Fica quieta, cala-te. Já agora, deita-te, podes pousar as mãos no colo, calmamente, uma primeiro, depois a outra. Mas não as mexas, não te mexas, não pisques os olhos, não suspires, não humedeças a boca, não faças nada, deixa de existir.
Pairas, agora. Sem os braços abertos, sem mantos brancos, sem auréleas ou asinhas do anjo que foste nos tempos mais terrenos, sem a bondade que existiu juntamente com a crueldade inerente, sem mais nada. Desaparece, não te quero ver, fazes-me impressão! Os teus olhos verd'água, onde estão? A pequena sarda que repousava na pálpebra direita? A perfeita cutícula da tua unha? As pontas do teu cabelo límpido? Desaparece, por favor, já não podes existir, já não te vejo embora continues deitada nesse manto do meu desespero, coberto também da falsidade floral do carinho dos outros que em nada se parece com o meu, em nada se aproxima, em nada se assemelha àquilo que sinto por ti... Ou sentia? Já não sei, já não sie oq ue pensar, nem como pensar nem quando pensar ou por quê pensar... Quantos minutos passaram desde que estou neste estado letárgico? Quantas horas? Dias? Dói-me a barriga, de fome. A culpa é tua, mas não me consigo levantar, não consigo tirar este fardo humano, não me consigo tirar deste fardo humano. Quero saír, quero ir ter contigo! Não precisas de falar, nem de ver, nem de aturar, posso simplesmenete estar a algum espaço ou tempo de distância e observar, num gesto digno de voyeurismo, observar-te. Just... just show me the way.

domingo, fevereiro 19

próximo destino: Salamanca, a mais bela praça de Espanha


"Nota-se melhor numa tarde clara: os dias fogem de Espanha por Castela-Leão, saltando a fronteira por Salamanca. À hora a que o sol vai já repousando para o lado de Portugal, as catedrais e igrejas da cidade incendeiam-se numa última luz, ao crepúsculo, antes de o reflexo monumental ser engolido pelo espelho escuro do rio Tormes. Silhueta e postal da "Salamanca eterna", as altas torres de leronimus, incadescentes por minutos, extinguem-se, de súbito, contra um céu rosa, púrpura, por fim violeta - um céu de butano. Depois, é a noite. Salamanca, como as cidades que sofrem de eternidade, liga os holofotes, para que a "eternidade" se aguente visível até de manhã. As pedras medievais e barrocas dormem nessa encenação. Mas não conseguem conter o bulício: com hora sempre marcada para a Plaza Mayor, uma outra cidade acorda. Uma cidade inquieta e inquietante.
Em Salamanca, os passos iniciam-se, confluem, encontram-se nesta praça: para o trabalho, as aulas, os copos, os amores. O arco do Ayuntamiento, sob o relógio da torre (um engenho oitocentista), está sempre habitado por um grupo ansioso, que dá pequenos passinhos de pássaro, erráticos mas num perímetro curto, e se olha sem falar. Gente que espera gente, pois é "debaixo do relógio" que todos os encontros são marcados. "É quase impossível pensar num dia em que não passemos, pelo menos uma vez, pela Plaza Mayor", diz Oscar Perez, dono do novo Delicatessen & Café, um dos locais que marcam o circuito de comer e beber em Salamanca. "A Plaza acompanha a vida da cidade e de cada um de nós. É lá que estão as minhas melhores memórias: a primeira saída, a primeira namorada..." Sob o relógio.
[...]
Ou o impacte é outro, efémero como cada noite. Salamanca, quando mexe, tem uma nota latina. Mais esta inquietação: a língua franca da cidade não é o espanhol. É a salsa. Em bares como El Savor, as fronteiras caem. Um dançarino de Cartajena das Índias, ou de Pernambuco, ou do México, pode, então, festejar a música em volta de um casal castelhano que, apesar da idade avançada, invade a pista com um gozo enorme. O mundo abre-se, há aplausos. Alguém grita: "Eu quero envelhecer assim!"."

Pedro Rosa Mendes, in Volta ao Mundo.

segunda-feira, fevereiro 6

Viagens

Adoro viajar. Quem não gosta? Mas eu acho que gosto mesmo de viajar.

Um Exemplo?

Um exemplo: Quem considera viajar, andar de metro na sua própria cidade? Eu.

Já andei de metro 1500 vezes, não é uma novidade que está em causa. É a quantidade de pessoas tão diferentes de mim e que reagem de uma maneira tão diferente a tudo, que é tão pouco, que se passa... É o empresário que vai com pressa nos sapatos engraxados, o grupo de mitras que vão comprar uns nike ao colombo, a preta que acaba de chegar da casa da patroa, o ceguinho que insite em pedir esmola. Eu limito-me a enconstar, ou a sentar, com música no ouvido, como se estivesse fora daquilo tudo e observasse como a um album de fotografias. Sim, um album de fotografias, um roteiro de viagens, uma rota com o Cais do Sodré subterrâneo como destino.

domingo, fevereiro 5

hei-de experimentar cortar um feijão em três quartos com uma faca do pão, como o Mickey em o pé de feijão mágico.


que os irmãos Grimm viveram a vida toda..

quarta-feira, fevereiro 1

hm

"ATENÇÃO

Não se podem iniciar quaisquer actividades nos intervalos das aulas"

o hilariante é que tou no intervalo entre matemática que não houve e filosofia que tá prestes a começar, e tou no pc da biblioteca. Que irónico.